A Rede Mulheres de Fibra une natureza, trabalho e arte
Fibras de bananeira, buriti, tucum, taboa, milho, bacuri, além de inúmeras sementes florestais, fazem parte do dia a dia de mulheres resilientes que com um olhar diferenciado para o meio onde vivem em busca de oportunidades de geração de renda e qualidade de vida, criaram a Rede Mulheres de Fibra Portal da Amazônia há quase 10 anos. A alusão da palavra “fibra” diz respeito não só a matéria prima principal de seus trabalhos de arte, mas também a força e resistência das mulheres do campo!
A Rede Mulheres de Fibra existe desde 2012 e é composta de artesãs de Apiacás, Alta Floresta e Nova Canaã do Norte, no território Portal da Amazônia, norte de Mato Grosso. Nem todas possuíam um histórico de artesanato, mas já existia um olhar curioso e criativo sobre o que fazer com tanta riqueza proveniente de subprodutos da floresta, como cascas, fibras e sementes. Algumas fundadoras da rede, estimuladas pelo Instituto Ouro Verde (ONG voltada ao trabalho com o fortalecimento da agricultura familiar na Amazonia Mato-grossense), se envolveram em ações de coleta de sementes e plantio de agroflorestas. Passaram a observar a rica flora de outra forma – um dos comentários da artesã D. Maria é que “…anteriormente eu entrava nas áreas de floresta olhando somente para frente e que, agora (na época), já observava folhas, sementes e cascas no chão, formato das árvores, tipos de árvores…”, aguçando cada vez mais o seu olhar.
Observando a importância de ações focadas nas mulheres, devido sua baixa inserção em atividades geradoras de renda, o IOV iniciou um programa de profissionalização e assessoria para agricultores e agricultoras que já faziam algum tipo de artesanato, realizando oficinas de formação e feiras. Foi a partir dessa ação que em 2012 nasceu a Rede Mulheres de Fibra.
De lá para cá tiveram diversos momentos de formação visando a qualificação do trabalho e a excelência das peças. O cuidado e a felicidade no processo produtivo é tão grande que através das peças, elas se autoconhecem, reconhecem suas habilidades, se admirando e se achando lindas – as mulheres são as peças e as peças são as mulheres!
Atualmente estão num momento de fortalecimento desta identidade de artesãs, num processo criativo intenso incluindo o uso de fibras ainda nunca trabalhadas – estão criando sua própria identidade e história!
Nesta caminhada obtiveram apoio de outras artesãs que com a sua generosidade compartilharam seu conhecimento e de instituições ou projetos como o IOV, ISPN, Universidade de Exeter, SECEL/MT, Programa REM, dentre outros.
O reconhecimento do ecossistema e as riquezas que a floresta – em pé – têm a oferecer estimulam a geração de trabalho e renda dessas mulheres. Da natureza elas produzem flores, bandejas, jogos americanos, sousplats, mandalas, descansos de panelas, almofadas e muito mais. A Rede se fortalece a cada dia que produz suas peças e as coloca em contato com outras pessoas, reforçando a importância do trabalho coletivo para a permanência de mulheres e homens no campo e acima de tudo o respeito aos recursos naturais.